quarta-feira, 5 de maio de 2010

PD #6: Tradição Pesa

Fala Cambada!
Começou nessa terça á noite a batalha dos brasileiros para se manter na Liberta. E começou dando uma pincelada sobre o que é disputar essa competição complicadíssima.
São Paulo e Universitario do Peru (PERU, viu) se engalfinharam novamente, dessa vez no Morumbiba, na disputa pela primeira vaga nas quartas de final. A primeira partida no PERU (ham) ficou no 0 X 0, e os paulistas jogavam por qualquer vitória para passar á próxima fase. Pelas circunstâncias, o jogo prometia muitos gols e facilidade para os bambis... E como boa parte da politicagem brasilina, só prometia.
A casa são-paulina estava cheia; mais de 43 mil pessoas foram assistir ao embate. Os peruanos vieram pra cá com uma meta, diria eu, previsível: não levar gols. Armaram um verdadeiro ferrolho a lá Joel Santana, a inspiração, o mestre e o guru espiritual da ideia desse belíssimo e jocoso blog, para não ser empalado pelos tricoletes (o que não é muito difícil, vide a natureza dos mesmos), com os 11 atrás da bolacha central. E se pudessem, colocariam lá também roupeiro, massagista, fisioterapeuta, médico, assistentes, enfim... E o tricampeão das américas partiu pra cima, cheio de velocidade, escalando Marlos, (bonita camisa,) Fernandinho e Dagoberto, sem a habitual referência de área Washington, o caneleiro tricolor. E foi exatamente ele que fez falta. Num primeiro tempo quente, os peruanos mal chegaram ao ataque, com nenhuma finalização própriamente dita. Já o São Paulo foi praticamente um Bonde do Tigrão: passou cerol na mão e deu muita pressão. Rodrigo Souto testou uma no travessão, fora as arrancadas de Marlos e Cicinho pela direita, arma muito explorada nessa primeira etapa. Fernandinho também chegou pelo outro lado, mas foi muito fominha e pouco efetivo. Faltava acertar o último passe, mas o problema não era falta de qualidade; era falta de um brucutu na pequena área pra botar a bola pra dentro (ui, que delícia!)
Se os primeiros 45 foram quentes, a segunda etapa ferveu. Retrancardo Gomes finalmente pôs Washington na brecha de Jorge Wagner, e foi pra cima com três atacantes e tudo o que tinha direito. Conseguiu criar boas chances, mas não guardava o caroço de jeito nenhum. Com a entrada do poste, o tricolor foi mais perigoso, e a partida virou um treino de ataque contra defesa. A quantidade de chances disperdiçadas pelos donos da casa foi incrível. Quase o time inteiro teve chance de marcar, mas ninguém conseguiu passar por Llontop. Marlos perdeu um gol incrível: quase em cima da linha fatal, sem goleiro, realizou a proeza de colocar a bola no travessão. Washington, Dagoberto, Fernandinho, Hernanes, o próprio Marlos e até os zagueirões Alex Silva (popular Pirulito) e Miranda tiveram suas oportunidades, mas ela não entrava de jeito nenhum. Ineficiente toda vida, o Homem da Camisa Bonita foi substituído pelo homem com o menor senso de ridículo do Mundo, o glorioso Marcelinho Paraíba aos 42 minutos do segundo tempo, e o camisa 12 saiu viad... opa, vaiado pela torcida e com o ouvido cheio de reclamações dos companheiros de equipe, que o espinafravam em razão de sua incrível capacidade de não tocar a bola, um sintoma claro de estrelismo agudo. A cobaia de Mauro Shampoo obviamente não gostou de entrar no final do jogo, pois isso foi feito com o intuito de que ele estivesse presente nas cobranças das penalidades, já que é um dos batedores. Mas o rapaz resolveu tentar acabar com o jogo antes: arriscou um chute da intermediária no último lance do jogo, e por muito pouco não "estragou" a estratégia do treineiro Ricardo Gomes. Ao fim do jogo, quase toda a comissão técnica foi conversar com o atleta, tentando consolá-lo em razão dos fatos, acalmando-o para o que restava da peleja.
Se no jogo teve de tudo, menos gols, a disputa de pênaltis tratou de completar o "tudo". E com mais uma boa dose de emoção. Os peruanos começaram com Ramirez (que não é o El Tigre), que converteu muito bem sua chance. Rogério saiu da linha fatal e foi cobrar o seu. E não é que o goleiro Llontop, reserva da equipe visitante, não pegou a cobrança do Goleiro-Artilheiro? Deu uma reboladinha e pegou a bola com tudo, dando boa vantagem á sua equipe.
Toda a pressão do Mundo se recaíu sobre o Ídolo tricolor, que no caso de desclassificação seria o primeiro acusado de ser o vilão. Ele precisava se redimir...
E conseguiu! Na cobrança de Alba, Rogério saltou para o canto direito, mas esticou a canhota e defendeu com estilo, para alívio dos 43 mil presentes. Hernanes converteu seu pênalti talvez na maneira mais perfeita que eu vi alguém cobrar uma penalidade máxima. Bola literalmente no ângulo, golaço. Agora, estava tudo igual. Os pés do experiente zagueiro argentino Galván, capitão dos peruanos, com passagem por Atlético-MG e Payssandu, poderiam mudar isso, mas foram as Mãos do arqueiro tricolor que o fizeram: ele foi com tudo pro canto esquerdo e acertou em cheio, pra delírio da galera. O homem do cabelo mais escroto do país foi cumprir sua missão, e assim fez, com louvor. Soltou o bambu e guardou a criança. Ela ainda bateu no poste (na trave, não no Washington) antes de entrar.
A pressão havia trocado de lado, e Labarthe tinha a responsabilidade de trazer de volta o Universitário para a briga, mas ele mandou-a para o espaço, ou melhor, para fora, e deu a chance a Dagoberto de fechar a série. O camisa 25 não desperdiçou a oportunidade e bateu no meio, não querendo correr os maiores riscos, e garantiu o São Paulo nas quartas-de-final da Liberta.
Como diria Zé Carlos Araújo, ufa ufa! Foi difícil, mas o primeiro brasileiro conseguiu vaga na próxima fase da competição continental. Se faltou qualidade técnica e tática, além de competência, sobrou camisa e tradição, já que os Bambis disputam a vários anos seguidos essa Copa, já ganharam 3 delas e sempre vão longe. Tem horas que é necessário apelar pra essa dupla extra-campo, já que ultimamente tem sido difícil confiar na galera que trabalha dentro dele.

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